Hoje, toda a geração que nasceria dos anos 90 (ou pouco antes disso) está composta por adultos. E, quem está com seus vinte e poucos ou trinta e poucos anos, certamente já passou por, pelo menos, uma de tantas tribos urbanas. Que nas suas raízes nasceram por motivações políticas (como basicamente tudo o que envolve a arte e suas manifestações.). Sendo assim, todo rebelde do passado que permanece rebelde no presente vai se identificar com esse artigo e se inspirar. Afinal, muitos que já foram ou ainda são de uma tribo urbana, hoje, trabalha, paga contas, tem família e casa. O que não significa a renúncia da arte, da música e das ideologias que fizeram parte de suas vidas.
O papel do designer de interiores aqui, portanto, não é o de se apropriar do significado primordial da arte manifestada nas ruas. Mas o de ressignificar o manifesto nos interiores. Pois, além de refletir aspectos da personalidade de quem interage com o espaço, a proposta também tem a simples intenção de criar uma estética autêntica.
O Grafite
Das ruas de Nova York, E.U.A., surge o grafite como forma de manifesto e de expressão artística de um subúrbio ignorado e recluso da sociedade estadunidense. Não muito diferente do país americano, em outras partes do mundo, nas grandes cidades se formaram subúrbios semelhantes, exclusão de imigrantes e divisão de classes. O grafite, contudo, sendo uma expressão política e artística tem grande impacto nas ruas. Provocando sensações e reações de quem entra em contato com ela.
Neste quarto, podemos identificar que quem fez esse projeto pensou no conjunto de toda a obra para justificar a sua criação. A continuidade das formas geométricas, como se a arte expandisse da parede. Alguns conceitos atuais no design de interior – com ideias políticas de consumo e de meio ambiente – como o reaproveitamento de nichos de arquivos e a imperfeição, concepção muito adotada em projetos e nas mobílias, no papel de parede ao lado, que parece uma parede em ruínas de tão real.
O Punk Rock
O Punk Rock, assim como o Grafite, também surgiu no final dos anos 70, no cenário underground das cidades de Nova York e em Londres. O movimento teve muita força política e ainda possui, principalmente na Inglaterra, e nos deu muita influência para o que viria a seguir nos mundos da música e da moda.
Esta imagem é de um seriado de TV chamado Orphan Black e tem todos os requisitos para quem se identifica com o estilo, especialmente no quesito ideológico. Espaços amplos, com raras divisões de cômodos; o tijolo aparente com frases na parede, dando a noção de efêmero no ambiente. O deboche pelo luxuoso também é uma característica marcante do movimento Punk. Assim como resinificavam jaquetas de playboys, faz-se o mesmo com os espaços e com a mobília.
O Tropicalismo
Nesta imagem do fotógrafo Nelson Kon, temos o registro de um espaço em particular da casa da arquiteta Lina Bo Bardi. Que sintetiza sublimemente o conceito da contracultura do Tropicalismo.
O Tropicalismo surgiu no Brasil em um período próximo ao surgimento dos manifestos artísticos aqui citados, também por pretextos políticos, e se legitima como uma contracultura por buscar expressões artísticas e culturais que pudessem imprimir a identidade do povo brasileiro, da sua miscigenação artística, étnica e religiosa. Ao invés de submeterem-se as influências norte-americanas e aos estereótipos.
A mescla dos simbolismos religiosos e culturais, deste exemplo, está muito presente nesse conceito. O Sérgio Rodrigues e outros nomes do design, da arquitetura e da moda também passaram a ter um compromisso com um trabalho que imprima a identidade brasileira. Tendência que gradativamente ocupa os interiores dos habitats brasileiros!
Por Isabelli Rodrigues
Designer de Interiores
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